Depois da exploração por 350 anos do trabalho escravo no Brasil, um dos últimos países a abolir a escravidão no mundo, o 13 de Maio ficou conhecido como o dia que libertou negros e negras da escravidão. A data foi oficializada pela assinatura da Lei Áurea em 1888, pela herdeira do trono, princesa Izabel, entrando para história do Brasil como redentora e heroína da libertação do povo negro. Esta é a versão pura e simples que os livros didáticos querem impor nestes 131 anos em escolas brasileiras.

A abolição da escravidão negra no Brasil ocorreu sem nenhuma política de integrar negros e negras à sociedade, sem nenhuma garantia de reparação pelos 350 anos de opressão e exploração escravocrata.

Simplesmente, a negrada ganhou a rua para andar ou morrer, alguns poucos permaneceram nas fazendas. A grande maioria foi largada à própria sorte e relegada à margem da sociedade; assim foram se reinventando e resistindo como sujeitos numa sociedade que não os queria, que os negava, que os excluía, que os discriminava, que os perseguia, que os criminalizava.

Mantendo as mulheres negras e homens negros ainda na base da pirâmide social, comprovando toda a desigualdade social existente, mas, também, que esta desigualdade tem cor, tem raça, tem gênero e tem endereço. E, hoje, diante de um governo de ultradireita como o de Bolsonaro, que mesmo antes de eleito já expressava todo o seu racismo, o seu machismo, a sua LGBTfobia, a sua violência contra os setores mais oprimidos e explorados da classe.

Isso nos coloca a real necessidade, enquanto movimento negro de luta, classista e socialista, de nos manter firmes na denúncia contra o racismo, o machismo, a LGBTfobia, e contra todas as formas de opressão e exploração à classe e ao povo negro e pobre. Exigimos reparação, cotas e ações afirmativas ao povo negro, já. Chamamos a responsabilidade e unidade para lutar de todas as organizações e movimentos que querem de fato um modelo de sociedade justo e igualitário, sem conciliação com governos, patrões e traidores da classe e do povo.

(Fonte: Setorial de Negras e Negros da CSP-Conlutas
Crédito foto: Ricardo Soares)

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